Se vocês fizerem uma pesquisa no Google, vão encontrar coisas deste género "o soutien que as celebridades portuguesas usam", "o soutien que veste todos os corpos", "celebridades mostram que o soutien já passou à história", "as famosas que abandonaram o soutien", "não usar soutien é a mega tendência deste Verão". Bullshit. As famosas às quais estes artigos se referem normalmente não têm maminhas (pesadas e flácidas como as nossas)... Se alguém decide ou não utilizar soutien é uma escolha pessoal, tão pessoal quanto submeter-se a uma cirurgia de redução ou aumento. Cada um deve optar por aquilo que se sentir melhor. Go for it!
O que nos preocupa (e causa alguma urticária) são as promessas (e campanhas publicitárias) feitas sob a bandeira da inclusividade. "O soutien que veste todos os corpos". Ser inclusivo vai muito além das modelos com curvas nas sessões fotográficas. Implica oferecer a cada cliente uma experiência honesta e em última análise, responsável. Não basta dizer que se é, tem de se ser. Cada vez que se tentam vender produtos que "vestem todos os corpos" - sobretudo no sector da lingerie - é andar para trás no caminho que se está a tentar percorrer. Qual é esse caminho? O caminho da informação (e do empoderamento feminino).
Cada vez que se afirma ou se escreve - sim, os órgãos de comunicação social também têm que ser responsáveis em relação às mensagens que escolhem publicar - que "o novo modelo de soutien existe em copas diferenciadas A, B e C" está-se a excluir todas as mulheres que vestem D, E, F, G, H, I, J, K (são muitas, bem mais do que as que usam A, B e C), a criar expectativas que não vão ser cumpridas e a induzir em erro. Vocês não imaginam a quantidade de adolescentes que nos chegam ao atelier chorosas porque alguém lhes disse que não existiam cai-cais para o tamanho do peito delas. De facto não existem nessas marcas que "têm soutiens que vestem todos os corpos". Estranho, não?
As marcas de consumo rápido, acesso fácil, localizadas sobretudo em grandes superfícies, são limitadas, servem apenas uma percentagem muito pequena da população feminina, no entanto, não é por não terem a oferta adequada que devem passar a mensagem errada, basta assumirem "nós não temos o tamanho mais adequado para si" em vez de "os nossos modelos vestem todos os corpos" ou pior "não temos, logo não pode usar ou não vai encontrar". Há espaço para todos se respeitarmos as nossas diferenças e as dos nossos públicos também. Posto isto, o mais importante, o que vimos a dizer desde o inicio: quando não encontrarem peças adequadas às vossas medidas e ao vosso tamanho, não se revoltem contra o vosso corpo. Just keep looking!
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