Cada mês marca um ritmo diferente. Setembro, por exemplo, disciplina-nos e Junho desafoga-nos. Traz-nos o Verão e as Sanjoaninas.
A magia das maiores festas profanas dos Açores é a sua democracia. Cada um participa com aquilo que sabe fazer. Uns escrevem letras, outros tocam instrumentos, uns vendem bifanas, outros fazem roupas, uns enfeitam a cidade, outros limpam as ruas. Não se requerem dons especiais. Basta vontade. Uma colcha à janela, um copo na mão, algumas palmas envergonhadas, mas felizes, atrás da filarmónica da marcha. A festa é de todos.
Que exercício incrível de liberdade, a rédea solta que se dá a quem é e a quem não é artista. As ideias que se namoram um ano inteiro até ser hora de sair para a rua. É que não há gente como a gente. Não há mesmo.
E uma marca também é as suas pessoas. Desfilámos com cada uma de vocês e no melhor lugar de todos: ao peito. Sentir que contribuímos para que se entregassem à festa - sem estarem preocupadas com a vossa roupa interior - enche-nos de orgulho. Numa terra onde se identificam muitas pessoas pelo ofício - o João do talho, o Chico da bomba, o António da praça - ouvir dizer numa tasca "a senhora dos soutiens" é a certeza de que a Colchete nos fazia tanta falta quanto nos faz a festa. Obrigada!
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